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quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Fábrica de Histórinhas em...

... O Bosque dos Duendes

Episódio II



Como vimos no espisódio anterior, Romeu e Julieta seriam levados à presença de Pan. Pelo caminho iam aos poucos desatando os nós da cordas encardidas que tinham sido amarrados. Pormenor e Pulga seguiam atrás e na frente ia imponente - Detalhista, o garoto mais velho .

Seguiam pelo bosque e o aroma das maçãs brancas invadia o ar e Neide parou dizendo:
_ Eu queria comer essa maçã, posso?

Detalhista virou-se soltando fogo pelas ventas dizendo que se algum engraçadinho comesse a maçã seria fatalmente transportado para Avalon.

Romeu gargalhou e Pormenor o interpelou:

_Do que ri, bufão?
Olha o respeito - gritou Romeu que explicou o som dos riso: " Vocês são uns pândegos sabiam? Avalon pertence a outra história e já basta duas alegorias nessa trajetória que pelo visto, vai ser um pandemônio".

_VAMOS, ESCRAVOS, ANDEM! Bradou Detalhista...

A noite fazia suas vezes na Terra do Nunca e logo à frente encontraram um barco a vela numa poça de areia movediça.

Pormenor gritou: - ALTO LÁ,  vamos fazer um parada Detalhista? Precisamos comer alguma coisa, e passar por esse pedacinho de terra rodeado dessa areia que só faz dançar poderíamos ser engolidos pela música, o que acha?

 
Pedra da Alforria que separava Neide de Julieta


Está bem, resmungou o Big Boss. E foi nessa parada que Neide e Fuzarca correram para detrás de uma pedra e lá ficaram agachados e encantados porque ali encontraram Lanterninha a Fada Vagalume. Neide tentava alcançá-la com aquelas mãos de pano enquanto Fuzarca  abanava o rabo, decerto feliz em ver aquele ponto de luz esvoaçante.



Fada Lanterninha


Do outro lado da pedra Julieta começou a chorar porque havia perdido Neide de vista e Romeu a abraçou, tirando do bolso um bem-casado que tinha guardado para dar-lhe de presente na fonte dos desejos.

O céu fazia companhia a todos e os garotos maltrapilhos assavam um gnomo verde feito sapo verdejante que temperaram com folhas de salsaparrilha.

Romeu com cara de nojo exclamou:

_Esse é o nosso jantar?

Detalhista fazendo caretas retrucou:
_Não, garotinho juvenil, esse é o NOSSO jantar!!

E ali ficaram até adormecerem. E no meio da madrugada ouviram passos que esmagavam folhas secas. Pormenor que estava de guarda foi espiar e caiu numa armadilha.



Quem seria àquelas horas? O Gato de Botas? Só faltava essa...
E o que acontecerá com essa turminha?
Será que Neide fugiu com Fuzarca?

Aguardemos...

Eu voltarei!

by Lu C.



sábado, 25 de agosto de 2012

Fábrica de Histórinhas

Romeu e Julieta na Terra do Nunca

Episódio I





Romeu e Julieta



Verona estava tão calma que Julieta provida de seus 15 anos resolveu passear na praça principal e tomar um sorvete. Ela trajava um vestido cor de vinho sustentado por um corpete ajustado por ilhóses de prata que abrigava uma blusinha branca de puro algodão  com mangas bufantes.
Seu cabelo estava solto e livre dos nós daquela trança que ela odiava e sua boneca Neide, andava de mãos dadas com ela.

 
Neide



Do outro lado da praça estava a igreja da matriz e em suas escadarias, sentado em posição de meditação, havia um moçoilo vestido com seus 17 anos e metido numa fusô  acompanhada de um colete acinzentado e camisa de seda perolada
. Sapatilhas e boinas ostentavam a cor petróleo compondo seu figurino, assim meio parecido com um bufão, e a seu lado garboso e imponente, estava Fuzarca, o cão.



 
 
Fuzarca


A fonte de Santa Lucia jorrava peixinhos coloridos através de um bocal de serpente, revestida de pedra, feita pelo artista plástico Maurício de Sousa. As águas eram límpidas e podia-se ver o fundo da fonte onde moravam pequenas sereias e seus tritões apaixonados.

A vida era assim em Verona, calma, morna e atípicamente tediosa. Ao longe ouvia-se a banda imperial ensaiando o Hino à Bandeira Nacional que seria hasteada com pompas no próximo fim de semana.

Neide e Julieta já cansadas e com sede foram à bica mais próxima refrescarem-se quando Fuzarca começou a mordiscar o vestido de Neide. Romeu ralhou com o animal que logo se arrependeu sentando-se ao lado do dono.

Julieta levantou timidamente seus olhos amendoados desenhando um riso maroto no canto dos lábios rosados. Romeu fez reverência , pedindo desculpas e dizendo:

 - Cara Julieta, minha andorinha celeste, meus olhos acendem o brilho do coração ao ver-te assim tão perto esta manhã. Desculpe o atrevimento de meu cão, mas ele é perdidamente apaixonado por Neide.

_Ora caro Romeu não se amofine com bobagens, eu estava mesmo à tua espera.

_ESTAVA? - bradou Romeu.

_Sim, oh meu sonho de consumo! Lembras que ficaste de levar-me ao Poço dos Desejos Secretos?

_Oh, sim, minha idolatrada, salve salve! Claro que lembro... Mas, mas, onde está tua boa e fiel Bá?

_Neste momento deve estar fazendo as unhas e lixando aquele calcanhar craquento... E quem sabe, fazendo uma máscara calmante em sua rosácea.

_ Então aproveitemos, oh raio de sol que fez-me saltar de contentamento ao ouvir o arauto da manhá em teus lábios.

_Mas onde ficarão Neide e Fuzarca?

Irão conosco, amada minha!

 

Poço dos Desejos




E depois desse diálogo metade Shakespeariano metade Cavichioliano, foram-se os dois jovens e seus mascotes ao Morro dos Ventos Uivantes em busca do Poço dos Desejos.

Lá chegando foram surpreendidos pela guardiã da fonte - uma lagartixa pre-histórica com olhos de diamantes, que só poderiam ser vistos à noite porque de dia eles confundiam-se com o sol e ninguém sabia se ela estaria dormindo ou acordada.

O Poço dos Desejos fazia morada dentro de uma Fonte e era rodeado com gelo seco instalando-se uma espécie de fog londrino em volta do tal Poço.

 Era mister aproximarem-se com muita cautela, mas Neide era uma boneca sem modos de mocinha educada e logo soltou a mão de Julieta correndo frenética em direção ao beiral esfumaçado.

Julieta gritou! Romeu assustou , Fuzarca latiu... E Neide desapareceu...

O sol estava a pino e não se podiam ver os olhos da lagartixa, sendo assim, os adolescentes desavisados correram até o beiral a fim de salvar Neide.

Pobres coitados! Foram engolidos com Fuzarca e tudo... Iam então sacolejando dentro da pança dquele bicho bizarro até que foram cuspidos em um bosque com macieiras brancas, canteiros de amores perfeitos e miados de gatos coloridos. Ao longe tambores batucavam a dança da chuva , enquanto o céu anunciava segredos.





Bosque das Macieiras







Terra do Nunca




Meio atordoados, nossos quatro amiguinhos entreolharam-se resolvendo colher maçãs brancas, mas foram atropeladas por uma corja de vândalos maltrapilhos com porrete nas mãos .

_ Quem são vocês, bizarras criaturas? Indagou o mais velho dos maltrapilhos.
Não houve resposta, somente o latido atrevido de Fuzarca.

Sem demora, um dos pequenos vândalos exclamou:
_Façamos purê, mestre?

_Cale-se Pormenor, você por hoje já saturou minha paciência! Vamos leva-los à presença de Pan, ele saberá o que fazer.




Pan à esquerda, filho de Peter à direita







 
Pormenor


E assim, amarrados e amordaçados, Romeu ia manquitolando seguido por Julieta descabelada, e Neide que perdera metade de sua cabeleira de lã verde, agarrada ao pescoço de Fuzarca rosnando baixinho.
Sabe-se lá para onde...

continua... (nem sei) - mas pretendo, está divertido!rs

by Lu Cavichioli
agosto/2012
São Paulo


quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Baú Vazio




Talvez na outra linha

Não tenho mais verbos, nem adjetivos, nem pronomes. Nem advérbios, nem preposições.

As orações ficaram todas insubordinadas e os substantivos indecentes.

Comecei a gritar pelas  frases feitas, mas elas não vieram porque sabem que eu não as suporto. Nem mesmo para substituir elas servem.

Clichês e chavões pairavam sobre minha pobre cabeça poética, desarrumada e (talvez) vazia.

Decidi que o ponto final seria meu conselheiro e os dois pontos concordaram:

.

By Lu Cavichioli

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Série: Fragmentos Anônimos







A vida em meus olhos


De: H. R.

Por :Lu Cavichioli



“Quando resolvi abrir os olhos para  a realidade , senti que meus receios ainda me fatigavam, embora eu já os tivesse jogado na areia movediça do inconsciente, mesmo assim teimavam em fustigar meus propósitos.”

...Faça uma auto-análise (dizia meu pai), e veja se você está  certa!

Eu gostava quando ele dizia auto-análise. Era bonito ouvir meu pai falar difícil.

Eu ia então para meu quarto e ficava pensando como fazer essa tal de auto-análise. Nessa época eu tinha uns 17 anos mais ou menos, e meus anseios estavam longe de serem auto- analisados. Abria então a janela e ficava olhando as pessoas, as árvores, os pingos de chuva e o jardim com sua população eco(lógica) – diversa e auto construtiva.

Sem esperar vinha um aroma de baunilha que brindava minhas narinas, e lá ia eu pra cozinha e via o bolo escapando de mais uma fornada.

Os pés da velocidade levaram-me até o pilar adulto dos meus 28 anos quando me tornei mãe.

Foi quando descobri (ainda não acreditando) quem realmente era minha mãe. E meus propósitos fustigados criaram voz, ameaçando meu sossego.


Sem pestanejar comecei a ver, porque enxergar eu já sabia como era. E logo, foi se desenhando em quebra cabeças a personalidade incauta dessa pessoa que diziam ser minha genitora.  Ela passava sobre mim como um trator, esmagando minha carne e ossos, sem se importar se o sangue perdido deixaria feridas.


E meu pai continuava pedindo que eu fizesse a tal de auto- análise...



Do livro - (Crônicas Anônimas)

By Lu Cavichioli




segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Abril ainda bate fundo em mim

Boas tardes, caríssimos!

A blogada de hoje traz um texto com ventos de abril e que estava guardadinho na gavetinha das minhas papeladas que não dou muita importância. Sabe aquelas coisinhas que a gente escreve e acha que não tem nada a ver... Pois então, é por aí a coisa. Contudo, eu arrisco pra ver se eu petisco rsrs

Lá vai para apreciação de todos que aqui vierem - obrigada!
BOA SEMANA!




Traço Vermelho




Nestes dias melancólicos de abril eu só quero dormir. Desejo embrenhar-me nos fios macios de meu cobertor cinza ratinho.

A chuva impiedosa alaga canteiros, ruas, telhados... E vai de encontro às minhas lágrimas internas - aquelas lágrimas que não molham, mas encharcam a alma de tormentos, desenhando rios salgados com barcos encalhados no cais de um mar imaginário que poderia ter águas doces.

O silêncio das paredes, dos objetos, dos pássaros encolhidos, do edifício ao lado, testemunham minha estátua nas mãos do escultor de linhas e traços, e  que a cada passada de espátula fere mais e mais a mistura de sal, afeto e lágrimas. E nessa argila descolorida reorganiza faces sem rosto. Mãos sem gestos. Olhos nevoentos e corpo sem movimento.

Terminado o trabalho, a redoma se fecha e a imagem esculpida, de certa forma, esboça em seu peito palpitações vermelhas.

By Lu Cavichioli

São Paulo - abril de 2012



quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Série: "Eu escrevia assim(...)"

Pessoal, esse texto foi escrito no final dos anos 70, em virtude da descoberta sobre bebês de proveta.
Na época, o texto doi selecionado para figurar no jornalzinho do colégio e foi aprovado pelo conselho dos professores do Colégio XII de Outubro, onde cursei o técnico em Secretariado.

Vamos a ele - obrigada!



Arte(fato)





Então ele veio de longe, não iria vir, mas...

Em seu pequeno mundo interno e distante existiam pensamentos assim: - “será que serei sempre essa partícula  a vagar sem rumo?”

Que pena, não havia resposta!

E um dia, sem mais nem menos, aquela partícula inconsolável foi retirada de seu habitat. Deram-lhe um novo lar, cristalino e transparente. E sem que  pudesse reconsiderar se queria ou não estar ali, percebeu que tinha visitas. Achou-se frente a frente com milhões de soldadinhos apressados que corriam ao seu encontro, e  como eles eram familiares ficou toda sorrisos, embora não tivesse a mínima consciência do que ia lhe acontecer dali por diante.


Passou-se alguns dias e nosso personagem que já estava meio gordinho, com formas diferentes, mudou-se de aposento voltando ao planeta natal. A partir daí , sentiu-se pela primeira vez feliz e em segurança. E pensava consigo: - “Fui vítima de uma metamorfose!? Mudei muito desde que engoli um soldadinho daqueles!!


Mexia-se muito nosso pequeno amigo, espreguiçava-se, querendo até ficar sentado -  por aqui está tudo tão apertado... "Quando será que vou sai(...)" - resmungava.


 Passado mais algum tempo, nosso camaradinha assustou-se!
 Sem querer havia ficado em uma posição estranha, estava de ponta cabeça. Ah, ele já não entendia mais nada! Até que numa tarde o milagre da vida penetrou em nosso amiguinho .

Surgiu através de nuvens brancas e janelas ensolaradas. Sentia muito frio, mas trazia no rosto um sorriso de contentamento. Estava tão feliz que exclamou:

__ SOU GENTE!!!


by Lu C.