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sábado, 25 de maio de 2013

A Borboleta Branca



Eu era um menino muito interessado nas coisas da natureza, e para minha felicidade, morava em uma ilha onde a fauna era rica e privilegiada. Considerava-me um protetor da ecologia, embora eu tivesse um grave defeito: - era colecionador de espécimes raros.


Calma, não pensem que colecionava tudo que aparecia. Eu amava as borboletas, e já tinha uma infinidade delas. De todas as cores, formas e tamanhos. Eu era tão egoísta que as matava. Como poderia então julgar-me um herói ecológico?

Minha loucura era tanta, que saía ao amanhecer. Com minha rede, boné e outros apetrechos de colecionador, pois  minha intenção era capturar a borboleta branca.

Ah, como era magnífica! Na ponta das asas possuía nervuras alaranjadas, e quando voava, parecia mais um pirilampo. Fui seguindo-a e conhecendo seus hábitos, descobrindo que só aparecia no entardecer, e para minha frustração, voava sobre o mar e as copas das árvores, que eram muito altas.

Uma tarde, munido de todas minhas armas  eu a seguia com os olhos, e por sorte, ela voava sobre uma araucária perto de casa.

Movido pelo ensejo e já com um plano em mente, peguei a escada que papai usava para consertar a antena de TV, e subi no telhado  segurando o binóculo, e na outra mão a rede. Não sei como consegui equilibrar-me. Enfim estava sobre o telhado.

Feliz ela voava despreocupada. Foi quando perdi o equilíbrio e caí sentado sobre as telhas, agarrando-me na antena de TV, meu coração a saltar pela boca.

Mas quando me dei conta  a borboleta branca havia voado para longe, e eu já não podia mais vê-la. Frustrado, desci a escada  cabisbaixo e com lágrimas nos olhos.

Eu não desistia tão fácil assim. Pensei... Pensei e resolvi me embrenhar na mata que rodeava o povoado. Assim foi.

No dia seguinte, quando o sol começava a se por, com mochila, saco de dormir e alguns víveres sem esquecer a rede, lanterna  e  binóculo, saí para minha jornada mais importante. Não voltaria sem ela, já estava resolvido.

Saí  primeiramente olhando para o mar, onde ela também costumava voar, e sem êxito, pus-me a caminho da mata.

Enquanto havia luz, eu olhava para cima, entre as copas das árvores, mas sempre sem sucesso. Finalmente escureceu. Eu deveria estar ficando louco...   se me perdesse? Todavia era tudo ou nada.

Parei para tomar uma sopa e fazer uma fogueira, e nada de borboleta. As horas iam se arrastando e tudo ficava sempre mais escuro. Até que entrei em meu saco de dormir, e fiquei a olhar para as estrelas. De repente surge minha deusa branca. Voava mais baixo, pelo simples fato da quietude noturna. Então, bem devagar me levantei, de rede na mão, lanterna  ligada – ZAPT!!!!! PEGUEI!!!!!!!!

Nossa, eu não acreditava! Delicadamente segurei suas asas e a iluminei, assim... bem de perto.

Como era linda!!  Pude observar as nervuras alaranjadas, e então abri o vidro que continha um algodão embebido em álcool, e quando ia colocá-la, parei , olhando como se debatia, e todo horror que sentia presa entre meus dedos. Fiquei envergonhado e percebi que a vida era muito mais importante que minha louca mania de colecionador.

Abri os dedos e ela voou, livre!

Sabem como isto se chama?

 

AMOR!!!!

 by Lu Cavichioli

 
 
 

5 comentários:

  1. Lindo conto, Lu! Eu também gostava de colecionar besourinhos e joaninhas vivos quando criança, até que minha mãe me contou uma história, dizendo que as famílias deles estavam chorando, esperando por eles em casa... daí, soltei-os todos e nunca mais prendi bicho nenhum. Que bom que a borboleta branca voltou a ser livre!

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    1. Oi Ana, que histórinha mais amorosa que sua mãe te contou?! Lindo demais. A gente quando é criança acredita em tudo, porque a inocência é diamante bruto!

      Obrigada pela leitura
      bacios

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  2. Mas essa fixação na borboleta branca já mostrava nuances de encantamento, muito mais do que sede em capturá-la. Achei lindo...

    Beijos, Lu.

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    1. Você viu, o garotinho se apaixonou de tal forma pela borboleta que não suportou aprisioná-la.

      Valeu Mi, obrigada

      bacios

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  3. Com toda a magia que a borboleta despertava, entendeu ele que ela precisava de sua liberdade. Muito belo! Bjs.

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